O Porto do Namibe, litoral sul de Angola, registou, na última semana de Março deste ano, a exportação de 52.650 toneladas de rochas ornamentais, a maior operação desde a sua existência, em 1954, informou hoje a empresa pública. Desde logo fica a saber-se que o Porto do Namibe não foi construído pelo MPLA…
De acordo com uma nota da empresa, as 52.650 toneladas de granito à granel tiveram como destino o Porto de Xiamen, República Popular da China, sendo o exportador a empresa angolana Hipermáquinas.
“As operações de embarque tiveram início no terminal comercial, operado pela Concessionária Sogester, no dia 22 de Março e devido à limitação do calado disponível, a embarcação foi transferida para o Terminal Mineraleiro do Saco – Mar, cujo calado é superior a 18 metros no sentido de se concluir com as operações”, adianta a nota.
Esta quantidade superou o maior registo, até então, de 17.288 toneladas exportadas em 2017.
A empresa realça que a exportação de rochas ornamentais representa cerca de 90% do volume de mercadorias movimentadas pelo Porto do Namibe e outros exportadores de granito já manifestaram interesse de realizar operações do género, fruto da crescente procura desta matéria-prima no mercado internacional.
“Face ao crescente volume das exportações, foram recentemente desembarcadas e instaladas no Terminal Comercial do Porto do Namibe, duas gruas móveis (Liebherr) de movimentação de carga, que irão proporcionar maior celeridade neste processo, reduzindo desta forma o tempo de operação dos navios e consequentemente a redução das despesas de escala e dos fretes”, sublinha o documento.
Vamos continuar a estar… quase lá!
O Plano Nacional de Geologia (Planageo) angolano, que concluiu o levantamento aéreo geofísico do potencial mineral e geológico do país, a uma altura média de 120 metros, já tinha absorvido em Fevereiro de 2021 quase 260 milhões de dólares (213 milhões de euros).
Segundo o presidente do Conselho de Administração do Instituto Geológico de Angola (Igeo), Canga Xiaquivuila, já tinham sido investidos neste projecto 259,4 milhões de dólares o que correspondia a uma execução financeira de 64%, contando com uma execução física de 66%.
O Planageo foi lançado em Maio de 2014 com o objectivo assumido de fazer um levantamento científico do potencial mineral e geológico visando atrair investimento internacional para o sector.
Os resultados alcançados pelo Planageo, a execução física e financeira das infra-estruturas do Igeo à luz do projecto “estruturante” e as infra-estruturas laboratoriais de apoio à exploração mineira em Angola foram apresentados à imprensa no dia 24 de Fevereiro de 2021.
Canga Xiaquivuila disse, na abertura do encontro que decorreu em Luanda, que o Planageo se propõe relançar, dinamizar e aumentar a contribuição fiscal do subsector dos recursos minerais, bem como melhorar o conhecimento da geologia e do potencial dos recursos minerais do país.
Os dados que resultam levantamento aéreo geofísico, a uma altura média de 120 metros e com um espaçamento ente linhas de 1.000 metros, já concluído, levaram as autoridades a dividir o território angolano em três zonas de trabalho.
A região norte de Angola compreende a zona 1, a região leste a zona 2 a região sul a zona 3.
O consultor técnico do Igeo, Paulo Tanganga, que procedeu à apresentação técnica e aos resultados alcançados pelo Planageo, deu conta que estavam igualmente concluídos os levantamentos geofísicos terrestres na zona 3 que visou “mapear a espessura da cobertura sedimentar do sul de Angola”.
Nas regiões norte e sul de Angola, explicou, estão concluídos os mapeamentos geológico às escalas de 1:250.000, 1:100.000 e 1: 50.000, regiões onde estavam em curso recolhas de amostras para objecto de tratamento e análise laboratorial em mineralogia, petrografia e geocronologia.
Estava também em curso a recolha de amostras na região sul de Angola para serem objecto de tratamento e análise laboratorial para sedimentos de corrente e concentrado de mineiro e o processo de mapeamento do potencial de material de construção e para a indústria transformadora da região, notou.
Paulo Tanganha assinalou igualmente a ocorrência de mineiras nas reservas ambientais protegidas, como na Bacia do Okavango, “com potencial de diamantes e ferros”, quando estava em curso a revisão da Lei sobre Áreas de Conservação para acomodar a exploração de recursos minerais em zonas protegidas.
“Toda a actividade mineira do país é realizada no âmbito do Código Mineiro que é instrumento legal e qualquer contrato de investimento mineiro tem como anexo estudo do impacto ambiental”, assegurou Paulo Tanganha, quando questionado sobre a exploração de recursos mineiras em zonas protegidas.
Em relação à região leste de Angola, o presidente do Conselho de Administração do Igeo, Canga Xiaquivuila, deu conta que área tinha apenas concluído o levantamento aéreo geofísico, faltando levantamentos geológicos, geoquímicos e estudos específicos, “condicionados por constrangimentos financeiros”
Na zona leste, explicou, “os trabalhos estão parados, neste momento, por constrangimentos financeiros e assim que resolvermos essa parte iremos fazer os mesmos trabalhos que já foram concluídos noutras zonas”.
Entre os resultados alcançados, no âmbito do Planageo, disserem as autoridades, o Igeo, que conta com um Centro de Processamento de Dados, contava já com um mapa de aero-geofísica à escala regional de todo o território nacional e com a definição de domínios geológicos.
As autoridades apontam os mapas topográficos a escala 1:1.000.000 com actualizações do desenvolvimento das infra-estruturas públicas e privadas, mapas geológicos de toda a região sul do país, com 44 folhas cartográficas, mapas geológicos com o potencial em rochas ornamentais, materiais de construção e minerais industriais como outros resultados alcançados.
O edifício sede do Igeo, inaugurado pelo Presidente João Lourenço, em Junho de 2020, três laboratórios de geociências em Luanda, Lunda Sul e Huíla, apetrechados e equipados com tecnologia moderna e Base de Dados de Geociências de Angola são “resultados do Planageo”.
O Planageo, versão de 2015
Em 30 de Junho de 2015 foi anunciado que O Plano Nacional de Geologia (Planageo), permitiu até então ao levantamento aéreo do potencial geológico numa área equivalente a 48 por cento do território nacional.
Segundo informação transmitida pelo director do Instituto Geológico Mineiro, Makenda Ambroise, dos 22 blocos a sobrevoar pelos três consórcios internacionais contratados, um dos quais integrando o Laboratório Nacional de Energia e Geologia português, dez já estavam concluídos.
“Agora vamos saber das áreas voadas quais as que são de interesse para avançar com o levantamento intensivo, onde teremos trabalho de campo”, explicou aos jornalistas Makenda Ambroise, à margem do encontro nacional de técnicos angolanos das geociências, realizado em Luanda.
Avaliado em 405 milhões de dólares (363 milhões de euros), o Planageo permitirá fazer o mapeamento dos potenciais recursos mineiros, envolvendo levantamentos aéreos, recolha e análise de amostras, sendo um dos maiores projectos do género a nível mundial, com conclusão prevista para 2017.
Envolverá, foi dito em 2015, a construção de dois laboratórios regionais, no Lubango (província de Huíla, no sul) e em Saurimo (província de Lunda Sul, no interior norte), para tratamento e análise de amostras no âmbito deste levantamento do potencial mineiro de Angola. Previa ainda um Laboratório Geoquímico Central em Luanda, sendo que os três equipamentos já estavam em construção e com início de funcionamento previsto para o primeiro trimestre de 2016.
“Permitirá que o país, pela primeira vez, tenha laboratórios próprios para tratar a informação [que vai resultar do Planageo] localmente”, sublinhou o director do Instituto Geológico Mineiro de Angola.
Este projecto era descrito pelo Governo como um instrumento estrutural na estratégia de diversificar a economia, além do petróleo, sector que em 2014 representou 70% das receitas fiscais angolanas, mas cujo peso deveria descer em 2015 para 36,5%, devido à forte quebra na cotação internacional do barril de crude.
Estimava-se que Angola, com um território de 1,2 milhões de quilómetros quadrados, terá potencial para produzir 38 dos 50 minerais mais procurados no mundo, nomeadamente ouro e ferro.
Áreas de potencial extracção mineira (2016)
Em Abril de 2016, o ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz, anunciou que o levantamento em curso sobre o potencial mineiro do país permitiu identificar “centenas” de novas áreas com potencial para extracção mineira, nomeadamente de ouro, ferro e cobre.
“Os dados processados e interpretados revelam resultados que podem constituir novidades científicas e informação importante do ponto de vista económico”, anunciou o então ministro Francisco Queiroz.
Na abertura do Conselho Consultivo alargado do Ministério da Geologia e Minas, em Luanda, o governante disse que com este levantamento, ainda que de forma provisória, “salta à vista a identificação de 763 alvos”, dos quais 138 foram classificados como “prioritários” para prospecção.
No final de 2015, o Planageo estava com 16 dos 22 blocos em que o país foi dividido já concluídos, representando então um cumprimento de 77 por cento da fase dos levantamentos geofísicos por via aérea.
O ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz, anunciou que o levantamento em curso sobre o potencial mineiro do país permitiu identificar “centenas” de novas áreas com potencial para extracção mineira, nomeadamente de ouro, ferro e cobre.
“Os dados processados e interpretados revelam resultados que podem constituir novidades científicas e informação importante do ponto de vista económico”, anunciou o ministro Francisco Queiroz.
Estima-se que Angola, com um território de 1,2 milhões de quilómetros quadrados, terá potencial para produzir 38 dos 50 minérios mais procurados no mundo, nomeadamente ouro e ferro.
Com conclusão prevista para 2017, o Planageo envolve igualmente a construção de dois laboratórios regionais, no Lubango, província da Huíla, e em Saurimo, província da Lunda Sul, para tratamento e análise de amostras no âmbito deste levantamento do potencial mineiro.
Nós por cá, eles por lá
Angola, como todo o mundo sabe mas que poucos dizem que sabem, é actualmente aquele país que para uma população de cerca de 32 milhões pessoas tem 20 milhões de pobres, tem potencial diamantífero nas regiões norte e nordeste do país, com dados que indicam para a existência de um total de recursos em reservas de diamantes superior a mil milhões de quilates.
A informação sobre o potencial diamantífero foi divulgada no dia 30 de Junho de 2017 durante a apresentação de um estudo sobre o “Potencial Diamantífero de Angola: Presente e Futuro”, realizado pelos serviços geológicos das diamantíferas russa, Alrosa, e da angolana estatal, Endiama.
No que diz respeito aos kimberlitos, são responsáveis por 950 mil milhões de quilates, enquanto que os aluviões correspondem a mais de 50 mil milhões de quilates.
O director-adjunto da Empresa de Investigação científica na área de pesquisa e prospecção geológica da Alrosa, Victor Ustinov, que apresentou o estudo, referiu que esses dados demonstram que o potencial kimberlítico de Angola é 15 vezes superior ao potencial aluvionar.
“Ao mesmo tempo, podemos dizer que em Angola existem territórios com muito boa probabilidade de descoberta de novos jazigos de diamantes”, disse, acrescentando que a empresa conjunta da Alrosa e Endiama, a Kimang, está a realizar os seus trabalhos de prospecção geológica numa dessas áreas.
O estudo refere que Angola tem territórios com grandes probabilidades de descoberta de diamantes.
Os resultados da pesquisa apontam que os territórios, que abrangem as províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Malange e Bié, apresentam alto potencial diamantífero, e sem probabilidades de existência de diamantes as províncias do Uíge, Zaire, Luanda e Bengo.
Com potencial provável, o estudo indica os territórios integrados pelas províncias do Cuanza Norte, Cuanza Sul, Huambo, Huíla, Benguela, onde poderão ser descobertas reservas kimberlíticas com teor médio de diamantes e reservas aluvionares de média dimensão.
Ainda por esclarecer o seu potencial estavam as províncias Cuando Cubango, Moxico e Namibe, devendo ser realizado trabalhos de investigação científica, defendeu o responsável.
Victor Ustinov sublinhou que uma vez realizados estudos de investigação adicionais é possível aumentar o potencial diamantífero de Angola em pelo menos 50%.
“Com o potencial de 1,5 mil milhões de quilates de diamantes podemos estar seguros que o sector de mineração vai se desenvolver de forma significativa”, disse, indicando trabalhos que devem ser desenvolvidos nesse sentido.
“É necessário desenvolver novos métodos de prospecção que permitam descobrir jazigos kimberlíticos e aluvionares a grandes profundidades, usando métodos de estudos geofísicos, geoquímicos, análises de imagens espaciais e estudos analíticos”, disse.
A finalizar, Victor Ustinov sublinhou que o potencial diamantífero de Angola “é muito alto e nos próximos anos o país será palco de grandes descobertas”.
No final dessa apresentação, em declarações à imprensa, o então ministro da Geologia e Minas de Angola, Francisco Queirós, disse que a informação apresentada é de grande utilidade para Angola, “não só para efeitos pedagógicos, científicos, como também para o trabalho que se está a realizar de recolha de informação ao nível do Plano Nacional de Geologia (Planageo)”.
Francisco Queirós disse que Angola está a trabalhar com as autoridades da Rússia para a recolha geológica em posse russa, trabalhos realizados para integrar na base de dados do Planageo.